Nessa obra Di Cavalcanti nos convida a um universo onde o espetáculo e a melancolia caminham lado a lado. A figura central, uma mulher de expressão enigmática, vestida com um collant azul que brilha sob a luz artificial, ocupa o espaço de forma ambígua; uma presença majestosa e vulnerável. Ao redor, cenas fragmentadas: o domador, o cavalo, o palhaço sombrio, a mulher com rosas, personagens de um teatro popular que revela o humano, mais do que o mágico.
A composição, marcada por linhas curvas e cores intensas, cria um palco em suspensão, onde tudo parece prestes a acontecer, mas também a se desfazer. O circo aqui não é apenas espetáculo: é metáfora da vida do povo brasileiro, suas máscaras e seus desejos. Di Cavalcanti transforma a lona em poesia visual, um lugar onde beleza e tristeza se equilibram sobre o fio tenso da existência.
Curadora: Denise Mattar